Alturas há em que me sinto transparente. E com esta metáfora não me estou a referir ao meu peso nem a nenhum distúrbio alimentar e muito menos a fantasmas ou a seres do além.
Sou um livro aberto. Tenho poucos segredos, sou como sou e não tenho problema nenhum com isso (sempre disse que “Quem gosta, gosta. Quem não gosta…..Obrigado e Bom-Dia!”).
Mas por vezes sinto que sou demasiado fácil de ler. Fácil de interpretar.
Continuando a metáfora dos livros, diria que sou um livro de bolso na prateleira ao nível dos olhos e ao acesso de qualquer par de mãos. Prateleira essa para onde toda a gente olha. Livros esses que são julgados rapidamente pelo tamanho da sua lombada, pelo número de páginas que possuem, pelas suas cores ou pela ausência delas, pelo autor e sabe deus que mais…
Gostava antes de me ser um atlas antigo e pesado ou uma qualquer enciclopédia sobre factos avulsos, estando assim numa das prateleiras superiores. Não ao alcance de tudo e todos, apenas de um pequeno grupo. Grupo esse que daria o valor à obra que teria em mãos. O risco de ser julgado erradamente continuaria a existir, mas a altura da prateleira faz diminuir essas probabilidades.
Mas os livros foram feitos para serem mexidos e remexidos. Lidos e relidos. E entre tantos leitores, alguns há que não têm os devidos cuidados. E entre tantas leituras, por vezes algumas páginas acabam rasgadas, outras totalmente arrancadas sem dó nem piedade. Não respeitando a história, as memórias e os sentimentos de quem por lá passou antes.
É o que nos acontece ao longo da vida. Somos constantemente julgados pela capa, pelo tamanho da lombada ou pelas cores ou ausência delas e poucas vezes sobre o real conteúdo do livro.
Mas sempre foi e sempre será assim. Cabe-nos ser um bibliotecário e gerir as páginas danificadas, deixando sempre páginas em branco para que o futuro possa ser escrito.
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