domingo, 11 de março de 2012

Vamos falar sobre o destino?

Vamos falar sobre o destino? Vamos pois. O blogue é meu, logo sou eu que mando. Por isso falamos sobre o destino e acabou-se a conversa! Vááá, não façam essa cara.

O destino encarrega-se de controlar quem entra e sai da nossa vida qual pai tirano controlava a sua filha nos filmes portugueses a preto e branco do Vasco Santana. É igualmente prepotente, tem sempre razão e por mais que lutemos ele acaba sempre por levar a melhor.

Tem de ser ele a escolher quem entra, quanto tempo fica e que tipo de relação temos com essa pessoa. E nem sempre concordamos com a decisão dele….

Há quem mal chegue a entrar. Há quem entre mas venha só fazer uma “visita de médico”. Há quem entre mas não deixe saudades nem boas recordações. Há quem entre para nunca mais sair. E há quem deixe um vazio imenso que possivelmente nunca será preenchido…

Tudo escapa ao nosso controlo e talvez seja melhor assim. Sendo nós humanos e falíveis era apenas uma questão de tempo até nos precipitarmos e tomarmos a decisão errada.

No fundo a vida é como a esplanada de um café no pico de verão. As pessoas entram e saem, cada qual ao seu ritmo. Há quem tenha disponibilidade para apreciar o bom tempo e quem vá apenas para beber a bica e ir à sua vida. Há quem faça questão de estar próximo do balcão e quem não se importe com a distância tendo inclusivamente um relativo prazer em ver o empregado correr de forma desenfreada.

Qual esplanada de café a meio de um inverno rigoroso também nós temos as nossas “épocas baixas”. Cabe-nos lutar contra os invernos e outonos da vida e esperar que o aquecimento global faça a sua parte…

sábado, 3 de março de 2012

Não julgue o livro pela capa

Alturas há em que me sinto transparente. E com esta metáfora não me estou a referir ao meu peso nem a nenhum distúrbio alimentar e muito menos a fantasmas ou a seres do além.

Sou um livro aberto. Tenho poucos segredos, sou como sou e não tenho problema nenhum com isso (sempre disse que “Quem gosta, gosta. Quem não gosta…..Obrigado e Bom-Dia!”).

Mas por vezes sinto que sou demasiado fácil de ler. Fácil de interpretar.

Continuando a metáfora dos livros, diria que sou um livro de bolso na prateleira ao nível dos olhos e ao acesso de qualquer par de mãos. Prateleira essa para onde toda a gente olha. Livros esses que são julgados rapidamente pelo tamanho da sua lombada, pelo número de páginas que possuem, pelas suas cores ou pela ausência delas, pelo autor e sabe deus que mais…

Gostava antes de me ser um atlas antigo e pesado ou uma qualquer enciclopédia sobre factos avulsos, estando assim numa das prateleiras superiores. Não ao alcance de tudo e todos, apenas de um pequeno grupo. Grupo esse que daria o valor à obra que teria em mãos. O risco de ser julgado erradamente continuaria a existir, mas a altura da prateleira faz diminuir essas probabilidades.

Mas os livros foram feitos para serem mexidos e remexidos. Lidos e relidos. E entre tantos leitores, alguns há que não têm os devidos cuidados. E entre tantas leituras, por vezes algumas páginas acabam rasgadas, outras totalmente arrancadas sem dó nem piedade. Não respeitando a história, as memórias e os sentimentos de quem por lá passou antes.

É o que nos acontece ao longo da vida. Somos constantemente julgados pela capa, pelo tamanho da lombada ou pelas cores ou ausência delas e poucas vezes sobre o real conteúdo do livro.

Mas sempre foi e sempre será assim. Cabe-nos ser um bibliotecário e gerir as páginas danificadas, deixando sempre páginas em branco para que o futuro possa ser escrito.

quinta-feira, 1 de março de 2012

A saga dos dentes de leite....


Esta semana um dos meus primos chocou de frente com uma certa fase do nosso crescimento. O cair dos dentes de leite.

E digo que ele chocou de frente porque caíram-lhe logo dois dentes de uma vez. E logo os dois dentes de cima à frente! (A isto chama-se piada a longo prazo, aprendam que eu não duro sempre!)

A esta distância parece algo insignificante, mas quando passamos por aquela fase aquilo é o equivalente à Guerra do Vietname!

Mas este choque frontal do meu primo fez-me lembrar um dos episódios mais traumáticos da minha infância. Estava nessa idade maravilhosa que são os 8 anos quando os dentes de leite resolveram que já tinham visto o suficiente e que o seu trabalho estava feito e podiam ir á vidinha deles.

Mas houve um dente que pensou em ficar, mesmo já tendo o vizinho do rés-do-chão a entrar-lhe pelo chão da sala adentro! E foi aqui que entrou o meu avô. Segundo ele tínhamos de tratar daquilo “o mais depressa possível”.

A mim cheirou-me que aquilo era capaz de doer. E eu tudo o que tem o potencial de aleijar evito. É uma mania minha.

Ideia brilhante do meu avô à qual eu não tive maneira de fugir: prender uma ponta de um cordel ao teimoso do dente e a outra ponta à maçaneta da porta do quarto.

E o fim da história já vocês estão a ver. Se o dente saiu? Ai não que não saiu, que remédio teve ele! O safanão da porta foi tão grande que acho que a própria gengiva pensou em aproveitar a boleia. Felizmente é muito indecisa e à última da hora decidiu ficar.

Só sei que o dente saiu e que eu ainda hoje tenho aqui uma dor. No orgulho. Porque chorei que nem uma menina que está a fazer birra no hipermercado porque quer uma boneca.

Felizmente o vizinho do rés-do-chão não desistiu de comprar o espaço. Senão tinha-me metido em sarilhos! Tinha ficado a perder dinheiro e o meu avô bem me podia ouvir!

Felizmente hoje em dia as crianças não são sujeitas a estes métodos. Mas se eu hoje sou um homenzinho em parte foi devido aquele safanão. Pelo menos gosto de pensar que sim, sejam bonzinhos e concordem comigo ó faz-favor!